sexta-feira, 16 de fevereiro de 2001

PROPOSTA DE FEVEREIRO DE 2011


Enchentes: o excesso de chuvas é o único responsável pelo desastre?

Um ano após o deslizamento de terras que matou cerca de 50 pessoas em Angra dos Reis, o Estado do Rio de Janeiro voltou a sofrer as consequências das fortes chuvas de verão. Neste ano, foram mais de 700 mortes na região serrana, motivo de comoção nacional. A Austrália também foi tomada por fenômeno semelhante, mas lá a enchente, que deixou mais de 3,5 mil desalojados, matou apenas cerca de 30 pessoas. A comparação entre o que ocorreu nos dois lugares dá o que pensar, principalmente quando se leva em conta que, segundo muitas previsões, há mudanças climáticas em curso e o volume de chuvas pode aumentar gradativamente ao longo do século. A questão é se o homem está totalmente à mercê das forças naturais e nada pode fazer diante da fúria da natureza ou se existem formas de prevenir os desastres e proteger-se deles. Na sua opinião, deve-se culpar somente o excesso de chuvas pelas catástrofes que atingiram diversas cidades brasileiras neste ano?

ELABORE UMA DISSERTAÇÃO CONSIDERANDO AS IDEIAS A SEGUIR:

Mudança climática e ação contra enchentes

O aumento da incidência de chuvas em consequência das mudanças climáticas globais não pode servir de desculpa para os governos não agirem para evitar enchentes, na avaliação de Debarati Guha-Sapir, diretora do Cred (Centro de Pesquisas sobre a Epidemiologia de Desastres), de Bruxelas, na Bélgica. (...) "Dizer que o problema é consequência das mudanças climáticas é fugir da responsabilidade, é desculpa dos governos para não fazer nada para resolver o problema", critica Guha-Sapir, que é também professora de Saúde Pública da Universidade de Louvain. (...) Segundo ela (Guha-Sapir), as consequências das inundações são agravadas pela urbanização caótica, pelas altas concentrações demográficas e pela falta de atuação do poder público. (...) Para a especialista, questões como infraestrutura, ocupação urbana, desenvolvimento das instituições públicas e nível de pobreza e de educação ajudam a explicar a disparidade no número de vítimas entre as enchentes na Austrália e no Brasil.


Enchente na cidade australiana de Toowoomba. (Wikimedia Commons)

Estado australiano diz que investigará causa de enchentes

A premiê do Estado de Queensland, na Austrália, anunciou nesta segunda-feira que fará uma investigação sobre as enchentes que devastaram grande parte do Estado nas últimas semanas. Segundo Anna Bligh, o inquérito vai observar questões como o funcionamento das represas, fará um "exame forense" da cadeia de eventos que levou às enchentes e servirá de guia para futuros investimentos no Estado. A Comissão de Inquérito custará 15 milhões de dólares australianos (R$ 25 milhões) e ficará encarregada de entregar um relatório provisório em agosto e outro, final, dentro de um ano, após investigar sistemas de alerta, planejamento governamental e a estrutura de atendimento emergencial. "Vejo isso como um investimento na nossa segurança futura, para que nos preparemos melhor para eventos como este", declarou Bligh, que disse não querer que nada seja "escondido sob o tapete".

Previsão do tempo

Ignorando evidências sobre eventos climáticos extremos, governantes abandonam populações à mercê de inundações e deslizamentos Todo ano o discurso se repete. Diante dos desastres provocados pelas chuvas, autoridades das diversas esferas se referem ao caráter excepcional, inédito, fora do normal, das precipitações que acabaram de ocorrer. Não mentem ao dizer isso - mas a constatação não lhes serve de desculpa. O aumento de episódios de chuvas extremas era previsível, diante do crescimento desordenado das cidades e da mudança climática provavelmente em curso no planeta. Em São Paulo ou em qualquer outra região do país, as projeções do clima ganham cada vez mais precisão e credibilidade, mas não apontam para fenômenos novos. Enchentes e deslizamentos se repetem todos os verões, assim como as promessas de que não voltarão a ocorrer no próximo. Os governantes não agem na medida do necessário para adaptar as cidades brasileiras a uma situação que se agrava, a olhos vistos, de ano para ano. E que não se explica só por "causas naturais": surgem na medida da irresponsabilidade humana, em sua repetição e em seus trágicos efeitos.
[Folha de S.Paulo, editorial, 16 de janeiro de 2011]

O emergente submergiu

No caso da tragédia do Rio, é só somar 1+1+1 e o resultado inexorável será a incompetência do poder público e o retrato de um país que tem mais de submergido que de emergente. Primeiro 1 - O "Jornal Nacional" de quinta-feira mostrou que choveu mais em Portugal e na Austrália do que no Rio de Janeiro. Mas o número de mortos no Rio foi esmagadoramente superior. Segundo 1 - O serviço de meteorologia emitiu aviso especial sobre a iminência de fortes chuvas precisamente nas áreas que acabaram sendo devastadas. Uma das prefeituras reconheceu ter recebido o aviso cinco horas antes da explosão. Nada foi feito. Terceiro 1 - A manchete desta Folha, ontem, mostra que desde 2008 o Rio de Janeiro sabia perfeitamente que havia riscos tremendos nas cidades que foram as principais vítimas. O que foi feito? Nada. Tudo somado, o que se tem é o óbvio fato de que chuvas torrenciais podem acontecer, deslizamentos formidáveis também -e, até aí, a culpa é só da natureza-, mas falta, no Brasil, acontecer a prevenção.

[Clóvis Rossi, Folha de S.Paulo, 16 de janeiro de 2011]

Observações:

·  Seu texto deve ser escrito na norma culta da língua portuguesa;
·  Deve ter uma estrutura dissertativa;
·  Não deve estar redigido em forma de poema (versos) ou narração.
·  A redação deve ter no mínimo 15 e no máximo 30 linhas escritas.
·  Não deixe de dar um título a sua redação.

Elaboração da Proposta

Sueli de Britto Salles, especial para a Página 3 Pedagogia & Comunicação
Com base nos textos acima, elabore sua redação sobre o tema Enchentes: o excesso de chuvas é o único responsável pelo desastre?

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